Nepal: Pokara
No
Nepal, não há o perigo dos motoristas conduzirem depressa ou como uns loucos na
estrada como existe em alguns sítios, uma vez que aqui, as estradas são
simplesmente péssimas, muito esburacadas e demora-se imenso nas deslocações que
até são curtas em termos de distância. Além de se tornarem muito
desconfortáveis para quem viaja de autocarro.
Mas
o país está literalmente em obras. Primeiro por causa do recente terramoto e
depois pelo seu desenvolvimento, estão a fazer novas estradas a abrir novos
caminhos, vêm-se construções e remodelações em todo o lado, acredito que num
futuro breve o Nepal seja bem diferente.
Pokara é
uma cidade muito bonita, que fica a 200 km de Katmandu e uma viagem de
autocarro de 7 horas ou mais, devido ao estado das estradas como referi. É a
maior cidade do Nepal em termos de área, mas é a segunda maior cidade em termos
populacionais com cerca de 200 mil habitantes.
Atualmente, esta cidade tornou-se um
importante centro turístico do Nepal, mantendo muitos lugares castiços e com
alguma rusticidade, incomparável com a movimentação de Katmandu. É de facto, um
lugar bem tranquilo, mas totalmente virado para o turismo com comércio,
restaurantes e hotéis e muita coisa nova a ser construída. É daqui que existem
muitos trekkings, desde 2 dias a um mês. Fiquei numa zona muito bonita junto ao
lago Fewa, o ex-líbris desta cidade pacata. Tudo circula à volta deste lago de
água doce, situado na parte sul do vale de Pokara. Embora este seja natural,
existe uma barragem artificial que controla a reserva de água, pelo que é visto
como um lago seminatural. É o segundo maior lago do Nepal. Este tem uma pequena
ilha onde se encontra o templo e santuário hindu de Taal Barahi. Pode-se alugar
um barquinho de madeira a remos e ir até lá. Não é necessário guia.
Toda a margem
deste lago, do lado de Pokara existem inúmeras esplanadas onde se pode usufruir
de tardes maravilhosas, contemplando o lago, as pessoas que passeiam, ou tempo
para ler e escrever.
Estupa
Shanti (Peace Pagoda)
Este
foi dos passeios que mais gostei de fazer em todo o Nepal. Fui até ao lago Fewa,
aluguei um barco de madeira e atravessei-o a remar até à outra extremidade.
Existem alguns barcos que aqui circulam, mas felizmente são proibidos barcos a
motor. À medida que me aproximava da outra margem, ao olhar para trás
conseguia-se ver cada vez melhor as cordilheiras dos himalaias com os seus
cumes nevados, que por si só é uma imagem inesquecível.
Ao
chegar à outra margem, pousei o barco e iniciei uma enorme subida a pé por um
desfiladeiro que nos leva até este mosteiro budista. É uma subida de quase uma
hora, entre caminhos espiralados e escadas, e por vezes, quase me faltava o ar,
não pela falta de oxigénio, mas pelas vistas monumentais, onde era possível
contemplar a vista panorâmica da cidade de Pokara, a zona de Annapurna e o lago
Fewa. Lá em cima, estamos mesmo mais perto de Deus. Estamos a uma altitude de
1100 metros. Não é por acaso que estes templos budistas optam por estes lugares
bem altos, bem longe da civilização, da poluição, onde temos o privilégio de
sentir uma enorme paz pelo silêncio do local, tranquilidade e mais uma vez
pelas vistas oferecidas. O convite é feito para meditarmos e aproveitar as energias
do lugar.
Este
é mosteiro recente, inaugurado em 1973. Este é um conjunto de uma série de
estupas construídos pelo japonês Nipponzan-Myohoji, inspirado por um encontro
com Mahatma Gandhi pela não violência, que a partir daí, dedicou-se a esta causa
e mandou construir oito estupas shanti: uma em Pokara, outra em Lumbini no
Nepal, onde nasceu Buda, também no Japão, no Sri Lanka e na Tailândia
Sarangkot
É um outro
ponto no alto de uma montanha a 1600 metros de altitude, também com vistas para
a cordilheira dos himalaias, concretamente conseguem ver-se as Dhaulagiri,
Annapurna, Manaslu, as cordilheiras superiores a 8000 metros de altitude e o
lago Fewa em Pokara. Tem umas vistas inesquecíveis, uma vez quês estas
montanhas estão bem próximas de Sarangkot e tornam-se colossais.
Existem
alguns hotéis para pernoitarem, caso não se pretenda regressar para Pokara,
assim como alguns restaurantes. É deste ponto que dezenas de aventureiros se
lançam de parapente diariamente. Vale muito a pena vir cá. Fica apenas a uma
meia hora de carro desde Pokara.
Quanto à
gastronomia do Nepal, a refeição típica consiste em daal bhat, uma sopa de
lentilhas e arroz cozido com tarkari, que é um caril de vegetais curry.
Normalmente são consumidos duas vezes por dia, a meio da manhã e logo após o
pôr do sol. No entanto, o Nepal, não tem propriamente uma gastronomia típica,
existe sim fusão entre a comida indiana, tibetana, chinesa e continental.
Existe um
ótimo café, principalmente na zona de Pokara, onde é plantado e sabem tirar um
excelente expresso.
O clima no
Nepal é geralmente previsível e agradável. A estação das monções ocorre
aproximadamente de final de junho a início de setembro. Fora isso, a
temperatura ronda os 20º durante o dia e os 5º durante a noite. Quem quiser
apanhar com os turistas invasores, pode vir entre Setembro a Novembro, onde a
temperatura é um pouco melhor. Entre Dezembro a Maio, é época baixa, existindo
pouco turismo, é um pouco mais frio, mas tudo funciona da mesma forma.
Rui Bizarro
Jornal: O Público - Fuga dos Leitores
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