Artigo Nepal: Pokara Abril 2018 Jornal O Público



Nepal: Pokara


No Nepal, não há o perigo dos motoristas conduzirem depressa ou como uns loucos na estrada como existe em alguns sítios, uma vez que aqui, as estradas são simplesmente péssimas, muito esburacadas e demora-se imenso nas deslocações que até são curtas em termos de distância. Além de se tornarem muito desconfortáveis para quem viaja de autocarro.
Mas o país está literalmente em obras. Primeiro por causa do recente terramoto e depois pelo seu desenvolvimento, estão a fazer novas estradas a abrir novos caminhos, vêm-se construções e remodelações em todo o lado, acredito que num futuro breve o Nepal seja bem diferente.
Pokara é uma cidade muito bonita, que fica a 200 km de Katmandu e uma viagem de autocarro de 7 horas ou mais, devido ao estado das estradas como referi. É a maior cidade do Nepal em termos de área, mas é a segunda maior cidade em termos populacionais com cerca de 200 mil habitantes.
            Atualmente, esta cidade tornou-se um importante centro turístico do Nepal, mantendo muitos lugares castiços e com alguma rusticidade, incomparável com a movimentação de Katmandu. É de facto, um lugar bem tranquilo, mas totalmente virado para o turismo com comércio, restaurantes e hotéis e muita coisa nova a ser construída. É daqui que existem muitos trekkings, desde 2 dias a um mês. Fiquei numa zona muito bonita junto ao lago Fewa, o ex-líbris desta cidade pacata. Tudo circula à volta deste lago de água doce, situado na parte sul do vale de Pokara. Embora este seja natural, existe uma barragem artificial que controla a reserva de água, pelo que é visto como um lago seminatural. É o segundo maior lago do Nepal. Este tem uma pequena ilha onde se encontra o templo e santuário hindu de Taal Barahi. Pode-se alugar um barquinho de madeira a remos e ir até lá. Não é necessário guia.
Toda a margem deste lago, do lado de Pokara existem inúmeras esplanadas onde se pode usufruir de tardes maravilhosas, contemplando o lago, as pessoas que passeiam, ou tempo para ler e escrever.

Estupa Shanti (Peace Pagoda)
Este foi dos passeios que mais gostei de fazer em todo o Nepal. Fui até ao lago Fewa, aluguei um barco de madeira e atravessei-o a remar até à outra extremidade. Existem alguns barcos que aqui circulam, mas felizmente são proibidos barcos a motor. À medida que me aproximava da outra margem, ao olhar para trás conseguia-se ver cada vez melhor as cordilheiras dos himalaias com os seus cumes nevados, que por si só é uma imagem inesquecível.
Ao chegar à outra margem, pousei o barco e iniciei uma enorme subida a pé por um desfiladeiro que nos leva até este mosteiro budista. É uma subida de quase uma hora, entre caminhos espiralados e escadas, e por vezes, quase me faltava o ar, não pela falta de oxigénio, mas pelas vistas monumentais, onde era possível contemplar a vista panorâmica da cidade de Pokara, a zona de Annapurna e o lago Fewa. Lá em cima, estamos mesmo mais perto de Deus. Estamos a uma altitude de 1100 metros. Não é por acaso que estes templos budistas optam por estes lugares bem altos, bem longe da civilização, da poluição, onde temos o privilégio de sentir uma enorme paz pelo silêncio do local, tranquilidade e mais uma vez pelas vistas oferecidas. O convite é feito para meditarmos e aproveitar as energias do lugar.
Este é mosteiro recente, inaugurado em 1973. Este é um conjunto de uma série de estupas construídos pelo japonês Nipponzan-Myohoji, inspirado por um encontro com Mahatma Gandhi pela não violência, que a partir daí, dedicou-se a esta causa e mandou construir oito estupas shanti: uma em Pokara, outra em Lumbini no Nepal, onde nasceu Buda, também no Japão, no Sri Lanka e na Tailândia

Sarangkot
É um outro ponto no alto de uma montanha a 1600 metros de altitude, também com vistas para a cordilheira dos himalaias, concretamente conseguem ver-se as Dhaulagiri, Annapurna, Manaslu, as cordilheiras superiores a 8000 metros de altitude e o lago Fewa em Pokara. Tem umas vistas inesquecíveis, uma vez quês estas montanhas estão bem próximas de Sarangkot e tornam-se colossais.
Existem alguns hotéis para pernoitarem, caso não se pretenda regressar para Pokara, assim como alguns restaurantes. É deste ponto que dezenas de aventureiros se lançam de parapente diariamente. Vale muito a pena vir cá. Fica apenas a uma meia hora de carro desde Pokara.

Quanto à gastronomia do Nepal, a refeição típica consiste em daal bhat, uma sopa de lentilhas e arroz cozido com tarkari, que é um caril de vegetais curry. Normalmente são consumidos duas vezes por dia, a meio da manhã e logo após o pôr do sol. No entanto, o Nepal, não tem propriamente uma gastronomia típica, existe sim fusão entre a comida indiana, tibetana, chinesa e continental.
Existe um ótimo café, principalmente na zona de Pokara, onde é plantado e sabem tirar um excelente expresso.

O clima no Nepal é geralmente previsível e agradável. A estação das monções ocorre aproximadamente de final de junho a início de setembro. Fora isso, a temperatura ronda os 20º durante o dia e os 5º durante a noite. Quem quiser apanhar com os turistas invasores, pode vir entre Setembro a Novembro, onde a temperatura é um pouco melhor. Entre Dezembro a Maio, é época baixa, existindo pouco turismo, é um pouco mais frio, mas tudo funciona da mesma forma.

Rui Bizarro
Jornal: O Público - Fuga dos Leitores

https://www.publico.pt/2018/04/28/fugas/noticia/pokara-nepal-autentico-1811131



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