Depois deste confinamento de dois meses, onde saía de casa apenas para adquirir os bens essenciais que a nossa Terra não produz, ficaram em mim alguns fragmentos deste exílio. O mais esperado seria chegar a este momento e saltar de vontade em ir para a rua conviver e socializar, mas parece que a vontade se mantém inesperada, persistindo o movimento contrário de me manter nesta paz interior, nesta solitude voluntária.
Persiste em mim uma vontade imensa de permanecer isolado das pessoas à minha volta, do meu ciclo de amigos e familiares. O meu trabalho com as pessoas tem continuado mas tudo o que se refere a socializações, momentos de confraternização, sorrisos soltos e leves à volta de uma mesa, caminhadas com amigos tem sido uma tarefa bem difícil. Embora já tenha travado contacto com alguns amigos e família, o sentimento que ficou não foi assim tão agradável, perdoem-me meus amigos e família, mas não é nada de pessoal. Nada tem que ver com receios desta pandemia ou algo afim, mas antes parece ter ficado em mim um maior amadurecimento sobre a vida que não me faz ter tanta vontade de encontros fortuitos. Na realidade era algo que já existia, mas esta fase está a pedir-me para o assumir publicamente.
Sei que amadurecimento não é endurecimento e sinto que não endureci, mas amadureci. Sei que devo seguir o que sinto e por isso perdoem-me alguns dos meus amigos e familiares que não têm tido oportunidade de estar comigo mas intuo que este sentimento vai se manter por mais tempo e a minha vida social também vai continuar limitada à minha família e trabalho.
Novos tempos virão!!!
Sinto uma profunda necessidade de integrar todas estas mudanças em mim, de entender melhor para onde a humanidade caminha, de absorver melhor todos os valores que palpitam no éter, sem me distrair com sorrisos externos e conversas sobre metereologia.
Certo é que os sentimentos que me surgem, não estou habituado a fugir deles, mas sim a enfrentá-los, por isso vou saborear também este sentimento suave e agradável que me impele a manter este isolamento, que me impele a manter esta hibernação, por sua vez tão prazerosa e reveladora de mistérios.
E tu como te sentes?
Que balanço fazes depois de todo este isolamento?
Segue sempre a tua vontade, desde que esta seja verdadeira e genuína, te venha da alma e que não seja um mero capricho ou desejo do ego, da tua mente e uma forma de evasão. Se segues mesmo o que vem de dentro de ti, então segues o teu caminho e a tua verdade.
Assim também eu o faço e sigo o meu caminho.
Rui Sebők Bizarro
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