Isolamento Social Voluntário


Estou a atravessar um período profundo na minha vida de maior isolamento social que me tem trazido bastantes descobertas, riquezas interiores, poucas interferências do exterior e uma maior felicidade. E a minha grande vontade e intuição é que devo manter esse isolamento.
Sinto que sou muito solicitado pelo exterior, mesmo tendo vindo viver para o campo. Tenho inúmeras visitas, encontros, jantares, festas, pedidos de ajuda, “cafezinhos”, etc, etc. em que a maior parte das vezes não me apetece dizer que sim, mas acabo por faze-lo e quando dou por mim, não estou a viver a minha vida conforme pretendo, entendo e intuo. E não posso continuar assim.
Como já o tinha referido em situações anteriores, tem crescido dentro de mim um impulso cada vez maior de evitar contactos sociais. Sinto que o mundo exterior muitas vezes não me ajuda e faz-me sair demasiado do meu centro. Ora, a minha vida, o meu trabalho tem sido mergulhar mais e mais dentro de mim e estar sempre de volta ao meu centro. Sinto-me com a idade, a ser cada vez mais fiel a esse mergulho ao centro de mim mesmo.
Irei por isso entrar, aliás confesso que já entrei, num isolamento social, voluntário, totalmente independente do coronavírus. Sinto algo muito forte dentro de mim que me diz para travar por um período indeterminado, os contactos sociais com familiares e amigos, mantendo apenas contacto com a minha mulher, minha filha, minha mãe e raras outras exceções.
Não será um voto de silêncio, uma vez que manterei o meu trabalho relativo ao Projeto Simplesmente através dos eventos que organizarei. Não será um voto de silêncio, uma vez que manterei o meu trabalho relativo à Quinta São José dos Montes e também não será um voto de silêncio pois continuarei a publicar os meus textos nas redes sociais e a publicar novos livros que em breve aí virão. Não é assim um silêncio tão restrito, mas é antes uma indisponibilidade para travar contactos fora do âmbito do meu trabalho. Não se admirem por isso que nos próximos tempos não atenda as chamadas telefónicas e outro tipo de solicitações. Se precisarem de algo urgente, o ideal será enviarem SMS.
Esta situação terá um período indeterminado e por isso no momento em que entender sairei deste confinamento voluntário. Não seguirei exigências ou timings sociais, apenas a minha intuição e o meu coração me guiarão neste processo.
Por mais estranho que pareça é com amor que faço este retiro. Amor à humanidade e amor a mim mesmo. Sei que se negar este apelo dentro de mim não estarei a ser verdadeiro nem a criar amor próprio, nem às pessoas à minha volta.
Necessito deste espaço, necessito deste tempo.
Partilho também, para concluir, que esta decisão traz-me uma imensa paz interior e sinto que é um caminho para a minha felicidade.
Rui Sebők Bizarro

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